Clínicas de estética sob investigação: casos graves expõem riscos e falta de regulamentação

 


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu o atendimento de oito serviços de estética e embelezamento em Belo Horizonte, Brasília, Goiânia e no estado de São Paulo após encontrar irregularidades graves que, segundo o órgão, “não podem ser sanadas a curto prazo ou de maneira simples”. A ação foi motivada por denúncias de usuários e pelo elevado volume de propagandas desses estabelecimentos em mídias tradicionais e redes sociais. Apenas uma unidade em Goiânia passou pela inspeção sem irregularidades. Nos demais, a Anvisa identificou problemas como falta de protocolos de segurança, ausência de prontuários, descarte incorreto de resíduos, produtos vencidos, uso de cosméticos injetáveis proibidos e condições inadequadas de higiene, incluindo a falta de pias e dispensadores de álcool. A agência não divulgou os nomes das unidades, mas abriu processos administrativos para apuração e aplicação de penalidades.

Enquanto isso, em Belo Horizonte, a morte de Claudineia Francisca Lima, de 46 anos, após uma cirurgia estética em uma clínica particular, trouxe à tona a seriedade dos riscos envolvidos em procedimentos cosméticos. Claudineia foi submetida a uma cirurgia de hérnia epigástrica, abdominoplastia e lipoaspiração, que durou cerca de sete horas. Apesar de o prontuário não registrar complicações durante o procedimento, ela apresentou inchaço no rosto e pescoço logo após a cirurgia. Transferida para um hospital, foi diagnosticada com perfuração na traqueia, causada por um corte profundo durante o procedimento. Após uma cirurgia de alta complexidade, Claudineia não resistiu. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil, e a família aguarda respostas sobre as circunstâncias que levaram à tragédia.

Outro caso que chocou o país foi o da médica Isadora, de 30 anos, que sofreu queimaduras de segundo grau no rosto após um peeling agressivo para tratamento de acne. O procedimento, conhecido como AtaCroton, foi realizado por uma dentista em Goiânia e custou R$ 8 mil. Quarenta dias após o peeling, Isadora começou a apresentar complicações graves, incluindo confusão mental, coceira e ardência na pele. Ela foi hospitalizada com suspeita de AVC, mas os médicos descobriram que se tratava de uma intoxicação. Desde então, Isadora já gastou R$ 10 mil em tratamentos e precisa usar uma máscara de compressão 24 horas por dia pelos próximos seis meses. Ao compartilhar sua experiência nas redes sociais, seu desabafo viralizou, com vídeos que somam mais de seis milhões de visualizações. Ela também recebeu dezenas de relatos de pessoas que passaram por problemas semelhantes após o mesmo procedimento.

Esses casos destacam a falta de regulamentação e fiscalização no setor de estética, que vem crescendo exponencialmente com a popularização de procedimentos cosméticos. A combinação de práticas inadequadas, falta de protocolos de segurança e profissionais não qualificados coloca em risco a saúde e a vida dos pacientes. Enquanto a Anvisa intensifica as inspeções, os consumidores são alertados a pesquisar cuidadosamente as clínicas e profissionais antes de se submeterem a qualquer procedimento estético. A busca por beleza não pode custar a saúde.

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