Nesta quarta-feira (4/12), a Unesco reconheceu os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. A decisão foi anunciada durante reunião realizada em Assunção, no Paraguai, destacando a relevância cultural, histórica e econômica da produção do queijo em Minas Gerais.
A técnica de produção, desenvolvida há mais de 300 anos, é
baseada em práticas tradicionais que preservam o saber acumulado por
comunidades locais e valorizam a identidade mineira. De acordo com a Unesco, os
critérios para o reconhecimento incluíram a singularidade dos territórios de
produção e a importância cultural e econômica da atividade para milhares de
famílias no estado.
O governador Romeu Zema destacou que a inclusão na lista da
Unesco coloca Minas Gerais em evidência global. Ele afirmou que o
reconhecimento deve aumentar o turismo e a geração de renda para produtores
familiares. Zema também ressaltou que o queijo é o primeiro alimento brasileiro
declarado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade e um dos poucos no
mundo com esse título.
O secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas de
Oliveira, pontuou que a decisão valoriza os produtores que preservaram a
tradição por séculos. Ele afirmou que Minas Gerais agora figura entre um seleto
grupo de países que têm um alimento reconhecido pela Unesco, o que reforça a
identidade e a cultura locais.
Processo de reconhecimento
O trabalho para a candidatura começou em setembro de 2022,
durante o 4º Festival do Queijo Artesanal Mineiro. Desde então, entidades como
a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), o Instituto Estadual do
Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), o Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Ministério da Cultura
(MinC), associações de produtores e organizações como Sebrae Minas e Emater-MG
se mobilizaram para promover o queijo tanto no Brasil quanto no exterior.
Em março de 2023, o Iphan formalizou a candidatura à Unesco
a partir de um pedido da Associação Mineira de Produtores de Queijo Artesanal
(Amiqueijo).
Atualmente, cerca de 9 mil produtores de Queijo Minas
Artesanal estão espalhados por várias regiões de Minas Gerais, gerando cerca de
50 mil empregos diretos e indiretos. A produção anual ultrapassa 40 mil
toneladas, resultando em uma receita superior a R$ 2 bilhões por ano.
Tradição e identidade mineira
A produção do Queijo Minas Artesanal é caracterizada pelo
uso de leite cru e técnicas exclusivamente manuais, que preservam os sabores
tradicionais da iguaria. Reconhecido como uma importante atividade da
agricultura familiar, o queijo também simboliza a cultura mineira, sendo um dos
maiores expoentes do “jeitin’” mineiro no Brasil e no mundo.
O título da Unesco reforça o valor histórico e cultural do
Queijo Minas Artesanal, consolidando-o como um símbolo da identidade de Minas
Gerais e do Brasil.