No Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, celebrado em 19 de novembro, os números destacam o protagonismo das mulheres à frente dos negócios em Minas Gerais. Dados do Sebrae Minas, com base na Receita Federal, mostram que 40,9% dos pequenos negócios no estado — quase 900 mil empreendimentos — têm liderança feminina, colocando Minas em segundo lugar no Brasil, atrás apenas de São Paulo. Em nível nacional, esse percentual é de 41,5%.
A faixa etária predominante das empreendedoras mineiras, entre 31 e 40 anos, reflete uma fase de maior maturidade profissional, onde a experiência e o conhecimento de mercado contribuem para o sucesso dos negócios. Setores como Serviços e Comércio lideram em número de empresas comandadas por mulheres, com destaque para atividades como vestuário, beleza e estética.
Para o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva, esses dados evidenciam a capacidade das mulheres de superar desafios e romper barreiras históricas de gênero. Ele também apontou a importância de capacitar mulheres em áreas tradicionalmente masculinas, como tecnologia e inovação, para diversificar o impacto no mercado.
O Sebrae Minas lançou hoje, em celebração à data, a série Negócio de Mulher: Guia Prático para Empreendedoras, disponível em sua plataforma. A iniciativa integra o programa Sebrae DELAS, que promove a capacitação e o fortalecimento de mulheres no mercado empreendedor.
O Ouro Branco News conversou com Romana Ramos Alves Ferreira, empreendedora e presidente da Rede Mulheres Empreendedoras de Ouro, que compartilhou sua trajetória, além de reflexões sobre os desafios e conquistas do empreendedorismo feminino. Confira:
1. Como você começou sua jornada empreendedora e o que a motivou a empreender?
Acredito que toda mulher traz consigo um espírito empreendedor, e comigo não foi diferente. Aos 16 anos, dei meus primeiros passos como consultora Avon, motivada pelo desejo de conquistar minha independência financeira. Em 2000, dei um novo salto na minha jornada ao fazer um curso de cabeleireira. A partir daí, construí uma carreira sólida como proprietária de um salão de beleza, onde por 21 anos me dediquei a elevar a autoestima das pessoas, ajudando-as a se sentirem mais confiantes e realizadas. Vendi o salão faz 3 anos para me desafiar empreender em outros mercados.
2. Quais foram os maiores desafios que você enfrentou como mulher empreendedora.
Empreender, especialmente no passado, era um caminho ainda mais desafiador que hoje, pois não tínhamos acesso ao conhecimento estruturado sobre gestão que hoje é mais difundido. Um dos maiores desafios para toda a mulher é a dupla jornada – conciliar as responsabilidades de casa com o trabalho – e, ao mesmo tempo, adquirir habilidades fundamentais para gerir o próprio negócio.
Superei esses obstáculos buscando conhecimento e, acima de tudo, aplicando o que aprendia na prática, o que me permitiu crescer e construir uma trajetória sólida.
3. Você percebe algum diferencial no jeito das mulheres conduzirem negócios?
Que características acredita que são próprias das empreendedoras femininas?
Sim, as mulheres têm um diferencial na condução dos negócios. Nossa capacidade de conciliar múltiplas tarefas com empatia e visão estratégica é notável. Também nos destacamos pela sensibilidade em entender as necessidades dos clientes e pela resiliência para superar desafios com criatividade. Além disso, valorizamos a colaboração, criando redes de apoio que fortalecem os negócios e as comunidades.
4. Como a Rede Mulheres Empreendedoras de Ouro tem impactado seu negócio e sua trajetória pessoal?
A Rede Mulheres Empreendedoras de Ouro foi criada em 2015 com o objetivo de valorizar, capacitar e fortalecer o empreendedorismo feminino em nossa cidade e região. Como idealizadora desse movimento, meu propósito sempre foi impactar positivamente a vida das pessoas, por meio de ações coletivas que alavancam não apenas os negócios, mas também a trajetória pessoal de cada empreendedora. Para mim, essa rede tem sido uma grande fonte de inspiração e aprendizado.
5. O que representa para você fazer parte da Rede Mulheres Empreendedoras de Ouro?
Fazer parte da Rede Mulheres Empreendedoras de Ouro para mim é um verdadeiro privilégio. O nome Ouro carrega uma referência à nossa cidade, Ouro Branco, mas também simboliza o valor e o brilho da mulher empreendedora. Assim como o ouro, que passa por um processo de lapidação para revelar sua verdadeira essência, a mulher também se transforma e se fortalece ao longo de sua trajetória, desenvolvendo-se e brilhando cada vez mais. Para mim, essa rede representa conexão, apoio mútuo e a capacidade de fazer a diferença na vida das pessoas, proporcionando crescimento tanto pessoal quanto profissional.
6. Quais são as principais iniciativas da Rede que ajudam a fortalecer o empreendedorismo feminino na cidade?
As principais iniciativas da Rede Mulheres Empreendedoras de Ouro têm como foco o fortalecimento do empreendedorismo feminino na cidade. Todo ano, realizamos o evento Mulheres que fazem acontecer, no dia 8 de março, para reconhecer mulheres que, além de empreendedoras, desenvolvem ações sociais e fazem a diferença na comunidade. Também organizamos a Feira das Empreendedoras, que é uma excelente oportunidade de divulgação e fortalecimento de marcas locais. Além disso, promovemos encontros com capacitação e palestras, que não apenas geram aprendizado, mas também favorecem o networking e a conexão entre as empreendedoras, fortalecendo nossa rede de apoio onde todas podem divulgar seus trabalhos e indicar outras empreendedoras.
7. Quais parcerias ou colaborações você considera mais importantes para o sucesso das empreendedoras da região?
Para o sucesso das empreendedoras da região, considero todas as parcerias importantes, tanto com o poder público quanto com o setor privado. Há um ano, a Rede Mulheres Empreendedoras de Ouro formalizou como associação e desde então buscamos por parcerias estratégicas para fortalecer essas conexões.
O Sebrae, por exemplo, traz capacitações essenciais para a cidade e região por meio de parceria com a Adesiap e Associação Comercial. Além disso, a empresa Gerdau tem oferecido capacitações valiosas de empreendedorismo, contribuindo para o desenvolvimento das habilidades dos empreendedores locais. Essas parcerias são fundamentais para o crescimento e fortalecimento do empreendedorismo feminino, pois proporcionam acesso a recursos, conhecimento e visibilidade.
8. Que conselhos você daria para outras mulheres que estão começando no empreendedorismo ou que têm medo de dar esse passo?
Meu conselho para outras mulheres que estão começando no empreendedorismo ou que têm medo de dar esse passo é: acredite em si mesma e não tenha medo de começar. O empreendedorismo é um caminho de aprendizado constante, e você vai cometer erros, mas são esses erros que te ensinam e te fazem crescer. Busque capacitação, esteja disposta a aprender e, acima de tudo, rodeie-se de pessoas que te apoiem. Não se intimide pelas dificuldades, pois a jornada pode ser desafiadora, mas também é incrivelmente gratificante. Lembre-se de que cada passo dado, por menor que pareça, é um avanço em direção aos seus objetivos.
9. Você acredita que a representatividade feminina está crescendo no empreendedorismo? O que ainda precisamos melhorar?
Sim, a representatividade feminina no empreendedorismo está crescendo, e isso é muito positivo. No entanto, ainda precisamos avançar no acesso a recursos, como financiamentos e capacitações, e superar as limitações impostas pela visão tradicional sobre o papel da mulher nos negócios.
Importante é fortalecer as redes de apoio e continuar incentivando a confiança das mulheres em suas habilidades empreendedoras.
10. Quais são as principais barreiras que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho e como podemos superá-las, tanto no Brasil quanto especificamente na sua região?
As principais barreiras para as mulheres no mercado de trabalho incluem a desigualdade salarial, a falta de acesso a cargos de liderança e a sobrecarga de tarefas. Para superá-las, é essencial garantir igualdade de oportunidades, apoiar o empreendedorismo feminino e criar ambientes mais inclusivos. Na nossa região, isso pode ser alcançado com políticas públicas que incentivem as mulheres a ocupar posições de destaque, e a se capacitar continuamente.
11. Como você enxerga o futuro das mulheres no empreendedorismo em Ouro Branco e na região?
Enxergo um futuro muito promissor para as mulheres no empreendedorismo em Ouro Branco e na região. Vejo cada vez mais mulheres assumindo seu espaço, liderando negócios inovadores e contribuindo para o desenvolvimento econômico local.